Adolescência: Um Olhar Profundo com a psicanalista Vera Saleme
O sofrimento psíquico entre adolescentes é um tema de grande relevância atualmente, permeado por uma intricada teia de fatores individuais, familiares, sociais e culturais. Nesse mundo globalizado, onde enfrentamos uma miríade de desafios e pressões, esse fenômeno tornou-se cada vez mais comum e preocupante.
“Existem manifestações sintomáticas dos/as adolescentes e crianças. Geralmente é a ansiedade acentuada, depressão e distúrbios alimentares, por exemplo. Esses problemas já existiam, mas estão aumentando muito por conta de como o mundo é constituído, essa constante busca pelo sucesso, sem descanso. Os/as adolescentes sofrem muita pressão e, por conta disso, acaba surgindo o sofrimento psíquico”, destaca a psicanalista Vera Saleme.
Vera Lúcia Saleme Colnago, graduada em Psicologia pela UFES (Universidade Federal do ES), Psicanalista e Membro da Escola Lacaniana de Psicanálise de Vitória, onde atualmente é Coordenadora do Fórum Clínico da Infância e Adolescência, traz uma visão ampla sobre o tema.
Um dos principais catalisadores desse quadro é a influência avassaladora da tecnologia e das redes sociais. Embora essas plataformas ofereçam vastas oportunidades de conexão e informação, também são terrenos férteis para o florescimento da ansiedade, da comparação social e do cyberbullying. A pressão para se adequar a padrões irreais de beleza, sucesso e popularidade pode resultar em sentimentos de inadequação e solidão.
“É importante reconhecer que o sofrimento psíquico dos adolescentes não é trivial nem passageiro. Demandas excessivas, estigmas sociais e a falta de apoio podem agravar problemas de saúde mental e
comprometer a qualidade de vida e o futuro desses jovens”, ressalta Saleme.
Manifestações sintomáticas como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares tornaram-se cada vez mais evidentes entre os adolescentes, em parte devido à constante busca pelo sucesso sem trégua. O peso das expectativas e das exigências, tanto sociais quanto familiares, pode ser avassalador para esses jovens em desenvolvimento.
Manifestações sintomáticas como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares tornaram-se cada vez mais evidentes entre os adolescentes, em parte devido à constante busca pelo sucesso sem trégua. O peso das expectativas e das exigências, tanto sociais quanto familiares, pode ser avassalador para esses jovens em desenvolvimento.
As questões familiares desempenham um papel crucial no bem-estar psicológico dos adolescentes. Conflitos familiares, divórcios e negligência podem semear a angústia emocional e a instabilidade na vida dos jovens. O diálogo aberto e o apoio familiar são fundamentais para mitigar esses impactos negativos.
“Às vezes, percebemos que os pais erram na condução, pressionando muito as crianças e fazendo comparações com terceiros. Por conta disso, eles/as acabam se cobrando muito e se não conseguem resultado esperado, acham que são inválidos. É a partir daí que os problemas aparecem, como a ansiedade”, explica Saleme.
O acompanhamento terapêutico, especialmente durante a adolescência, é uma ferramenta valiosa na promoção da saúde mental. Pais e escolas desempenham um papel vital nesse processo, ao proporcionarem um ambiente de diálogo e apoio contínuo.
“A gente convida os pais para refletirem sobre o assunto, assim como as escolas. A conversa é importante, por isso a terapia também funciona bem nesses casos. Geralmente, hoje em dia, os/as próprios/as adolescentes são quem pedem para os pais uma consulta. É importante que os responsáveis entendam a vulnerabilidade do/a filho/a e percebam que um acompanhamento pode evitar crises futuras”, finaliza Saleme.
Reconhecer a vulnerabilidade dos adolescentes e estar atento a sinais de sofrimento psíquico é essencial para intervir precocemente e evitar crises futuras. Somente assim poderão enfrentar os desafios da vida com resiliência e construir um futuro emocionalmente saudável.
Texto – Eduardo Maia