Publicado em 11/09/2020

 

Em seu segundo ano de uso, o Espaço Maker trouxe para a Monteiro mais uma possibilidade de aprimorar o método de ensino e aprendizagem adotado pela Escola. Ele é um investimento na construção do conhecimento que ultrapassa os conteúdos tradicionais, pois é um lugar apropriado para o aluno colocar as “mãos na massa”. Contudo, você conhece a importância dessa abordagem?

No Maker, os alunos realizam projetos e aprendem a solucionar problemas de maneira prática e criativa. Foto: Fábio Vicentini/Divulgação

Conhecida como “cultura maker” ou “faça você mesmo”, essa metodologia permite ao aluno ampliar os conteúdos trabalhados em sala de aula por meio da prática, além de desenvolver competências que são limitadas pelo espaço tradicional de ensino (uma espécie de know-how), promovendo, inclusive, a interdisciplinaridade. Para isso, o Maker disponibiliza diversos materiais aos alunos, como impressora 3D, furadeiras, serrotes, martelos e até uma máquina de corte a laser.

Durante as aulas remotas, a cultura maker continua a todo vapor. Fotos: Graciela Schuwartz e Izabella Arpini/Reprodução

Na Monteiro, alunos de sete anos já manuseiam os materiais do Maker. A segurança, instrução e o acompanhamento são feitos pelas professoras, que contam com a formação proporcionada pela Nave à Vela, empresa com a qual a Escola tem parceria. As aulas maker são planejadas e alinhadas pela Nave à Vela de acordo com a faixa etária, conforme a BNCC (Base Nacional Comum Curricular). A empresa também dá outros tipos de suporte à Monteiro, como a realização de oficinas com os estudantes, participação em projetos escolares, etc.

As professoras de turma são responsáveis por orientar os alunos dos 1ºs e 2ºs anos do Fundamental I. Já os estudantes dos 3ºs ao 5ºs anos, são orientados, no contraturno, pelas professoras Graciela Schuwartz, especialista em Tecnologia da Informação e Educação, e por Izabella Arpini, especialista em Informática na Educação, que atuam diretamente no Maker. De acordo com Graciela, atualmente, os projetos estão sendo trabalhados com as turmas a partir dos 2ºs anos, cada uma com um tema específico. Durante o isolamento social, a Escola continua investindo na metodologia: materiais foram enviados aos alunos para a montagem de suas “caixas maker”, exclusivas para as aulas remotas.

Mesmo à distância, os pequenos empreendedores continuam engajados nos projetos, como demonstram Renan, do 3º ano, e Gabriela, 4º ano. Segundo Ketene Spalença, mãe do aluno: “Renan sempre se mostra bastante envolvido durante as aulas de maker. Vejo que ele gosta bastante. Ele adorou fazer a atividade Caminhos Iluminados utilizando materiais condutores e isolantes, na qual construiu um vagalume com a massinha de modelar caseira. Foi muito divertido”. Mauro Fernandes, pai de Gabriela, conta que a filha também gosta das aulas e que, para ela “Está sendo uma forma de descontração e interatividade. Ela gostou muito do projeto dos aviões de papel, no qual tivemos que jogar os aviões para medir o tempo em que ficavam no ar e a distância percorrida”.

O aluno Renan, do 3º ano, se diverte fazendo as atividades maker. Foto: Ketene Spalença/Acervo pessoal

Ao observarem seus respectivos filhos, Ketene e Mauro destacam a criatividade, a autonomia e a autoconfiança como as principais competências desenvolvidas pela cultura maker. No entanto, a abordagem não estimula somente isso nos estudantes. De acordo com Juliene Santostasi, Gestora de Inteligência Pedagógica da Nave à Vela, o maker contribui para a aprendizagem em três frentes: conteúdos significativos, ao relacionar os conteúdos curriculares à prática, de maneira exploratória, instigante e mais significativa para os alunos; competências ligadas à inovação, estimulando a inventividade e habilidades manuais e tecnológicas; e competências socioemocionais, que ocorre por meio da colaboração entre os alunos e trabalhos em equipe, características essenciais para a sociedade no século XXI.

Desta forma, a proposta do “faça você mesmo” se mostra uma grande aliada na construção do conhecimento do qual o estudante é protagonista. Ao defender a importância de metodologias como essa nas escolas, Graciela explica que “A cultura maker se sustenta na ideia de que todos devem ser capazes de fabricar, construir, reparar, buscar soluções para os mais diversos problemas, compartilhar ideias, trabalhar em grupo, amparando-se em um ambiente de colaboração e transmissão de informações entre as pessoas, competências que podem e devem ser levadas para a vida”. Portanto, adotar o maker no ambiente escolar “reforça o dever transformador que a instituição de ensino deve ter”, afirma a professora.

Ela relata que, mesmo antes da configuração atual e nomenclatura, a Monteiro sempre investiu em uma abordagem como a maker: “Várias propostas da Escola sempre fizeram com que os alunos buscassem resolver seus problemas e compartilhar seus conhecimentos. Um exemplo disso é a equipe de robótica, pela qual vários grupos de estudantes passaram e participaram de campeonatos, com objetivos que vão além de montar e programar robôs, pois envolve trabalho em equipe, projeto de pesquisa, construção de protótipos, compartilhamento de soluções e ‘mãos na massa’. Ao assumir a proposta maker, a Escola busca proporcionar uma educação para a formação integral dos estudantes em seus aspectos cognitivos, afetivos e procedimentais”.

Para Izabella, o suporte fornecido pela Nave à Vela faz toda a diferença na abordagem desempenhada pela Monteiro. Ela ressalta a cultura maker como “Uma maneira diferente de fazer o aluno entender como as coisas realmente funcionam e que eles podem criar, modificar, fazer diferentes testes e compreender que há momentos em que, mesmo planejando, as etapas nem sempre dão certo, ou seja, tudo bem errar. O aluno de hoje já tem muitas coisas prontas, disponíveis, e a proposta da cultura maker faz com que isso mude, trazendo o aluno para dentro do processo de criação e invenção”.

Mauro e sua filha Gabriela, aluna do 4º ano, com o projeto que envolveu aviões de papel. Foto: Mauro Fernandes/Acervo pessoal

As professoras contam que a devolutiva dos alunos é fantástica. “As aulas podiam ser todas assim”, são frases como essa que Graciela e Izabella costumam ouvir. Para que os resultados sejam cada vez mais positivos, elas destacam o apoio das famílias como elemento essencial, já que a proposta maker faz uma enorme diferença no aprendizado do aluno.

Ketene e Mauro mencionam como tem sido o envolvimento de suas famílias nos projetos: “É um momento de estarmos mais próximos e só nosso. Procuro deixar as ideias do Renan se organizarem para concluir a atividade e fico como auxiliar dele, é engraçado”, relata Ketene. “As crianças estão cada vez mais ‘migrando’ para as brincadeiras online em que os pais têm pouca participação. A cultura maker resgata a realização de atividades ‘mãos na massa’ e que permitem uma melhor interação da família. Sempre que possível, eu e Sandra participamos das atividades da Gabi”, conta Mauro.

A abordagem já vem sendo adotada por diversas universidades e a Monteiro é uma das poucas escolas de Vitória que fazem o mesmo. A cultura do “faça você mesmo” potencializa a proposta pedagógica da Escola: “O aluno participa de todo o seu processo de aprendizagem”, conclui Graciela.

Talita Vieira.