Publicado em 03/04/2019

Foto: Talita Vieira/Divulgação

Vivemos em tempos pós-modernos. Época marcada pelo consumismo desenfreado, pelo individualismo e pelo imediatismo. Como consequência destes aspectos, é possível observar o uso cada vez mais frequente das redes sociais. Revolucionando a comunicação do mundo inteiro e aprimorando as até então conhecidas mídias sociais, tais redes foram desenvolvidas para estreitar e facilitar as interações sociais na web. Com apenas alguns cliques (ou toques), podemos usufruir de uma vasta gama de vantagens. Entre elas, adicionar amigos do mundo real em uma rede conectada, visualizar, comentar, compartilhar conteúdos multimídia – tanto pessoais quanto provenientes de veículos midiáticos que aderiram às novas tecnologias –, estabelecer conversas com pessoas localizadas em outros países e regiões, realizar compras, desfrutar de serviços. Nas redes, a vida é editável: os usuários podem ficar de olho nas publicações alheias e conseguem se fazer notar publicamente, formatando a própria realidade de acordo com o que exibem no mundo online.

Entretanto, será que todas essas vantagens são realmente legítimas? As redes sociais, bem como a internet, são de fato capazes de encurtar distâncias por meio de tanta interatividade? Existem somente benefícios? O falecido sociólogo polonês Zygmunt Bauman acredita que as redes também distanciam as pessoas. Ele compara as relações sociais da época em questão a bens de consumo. Adaptadas à realidade física, presencial, as interações pós-modernas tecidas na web trazem às pessoas a alternativa de conectar-se e desconectar-se umas das outras, facilitando a interrupção do contato que se reflete na vida real. Para Bauman, isso indica a superficialidade que caracteriza os laços contemporâneos em geral.

O Brasil é o país com o maior número de adolescentes, entre 15 e 18 anos, mais dependentes do uso das redes sociais, de acordo com dados levantados em uma pesquisa realizada pela Amdocs Brasil, divulgados em 2016 pelo Correio 24 Horas. O estudo envolveu dez países, incluindo o Brasil, distribuídos pelos continentes americanos, Europa e Ásia. Os próprios adolescentes entrevistados se declararam aficionados, checando as redes sociais assim que acordam, em sua maioria.

As alunas da 2ª série do Ensino Médio da Monteiro, Elisa Neves e Malu Có, mostram-se cientes tanto em relação às facilidades e vantagens trazidas pelas ferramentas quanto aos malefícios e riscos, mas, mesmo assim, afirmam que precisam diminuir o tempo de uso das redes. Elas relatam que, entre todas as redes sociais, acessam o Instagram e o WhatsApp com mais frequência.

Foto: Talita Vieira/Divulgação

Para ambas as alunas, é inegável o fato de que as redes sociais revolucionaram a forma de se comunicar, pois elas favorecem o imediatismo característico da pós-modernidade. Elisa argumenta que “Nos dias de hoje, acho que são o principal meio de comunicação, especialmente para o jornalismo, já que as informações chegam bem mais rápidas pela internet”. Todavia, por serem meios de propagação de muitas notícias falsas e informações distorcidas, é preciso ter cuidado com o conteúdo veiculado pela web. Elisa pondera que sempre procura se informar por sites e perfis oficiais de jornais, além de comparar com conteúdos expostos em outras mídias a fim de se certificar da veracidade das divulgações.

Contudo, a exposição de fake news e distorção de fatos não ocorre somente em relação a notícias jornalísticas, mas atinge o âmbito das relações sociais. Nas redes, a facilidade de exposição, de edição e de acesso a fotos, dados pessoais e outras informações relacionadas aos usuários fazem com que muitas pessoas não se sintam tão seguras assim, como é o caso de Malu. Quando as distorções não são feitas pelos usuários a respeito de suas próprias imagens, por meio de edição de fotos, ocultação de dados e exibição de informações diferentes da realidade, elas podem ser publicadas por outros para prejudicar um indivíduo ou grupo. As alunas já perceberam a ação de muitas pessoas mal-intencionadas na internet, que, infelizmente, se aproveitam das redes para propagar comentários negativos, constranger e até mesmo fazer ameaças a alguém.

Elisa e Malu reconhecem que, apesar de fornecer inúmeras facilidades e liberdade aos diversos tipos de usuários, as redes não simbolizam algo ruim. As tais ferramentas não são as vilãs ou mocinhas da época. As estudantes enxergam que a responsabilidade está atrelada às vantagens trazidas pelas redes. Acreditam que o discernimento está sobre os ombros dos usuários e na forma de utilização que decidem adotar.

Questionada sobre como seria sua vida sem a existência das redes sociais, Malu imagina algo muito diferente, pois já nasceu acostumada com as facilidades proporcionadas pela internet: “Um exemplo é a própria maneira de se pedir comida, que antes ocorria por telefone e, hoje, já existe um meio de fazer isso pelas redes sociais”. Já Elisa alega que sempre temos como nos comunicar, entretanto, sem as redes sociais seríamos condicionados a nos relacionar pessoalmente, “O que não acontece muito hoje em dia, com as redes”, reflete.

Segurança na web

Com os avanços tecnológicos e expansão do universo online, medidas de segurança para os internautas foram sendo desenvolvidas. Considerando a amplitude, a rapidez e a falta de filtragem da disseminação de dados e informações características da internet, foi fundada, em 2005, a SaferNet Brasil. A organização foi consolidada como entidade de referência no país quanto ao enfrentamento de crimes e violações aos Direitos Humanos na web. A SaferNet Brasil atua, inclusive, por meio de acordos de cooperação realizados com instituições governamentais, como o Ministério Público Federal. A partir dos 12 anos de idade, o adolescente já pode responder por crimes cibernéticos.

Webgrafia:

Quem Somos. Institucional. Disponível em: <https://www.safernet.org.br/site/institucional>. Acesso em: 01 de abril de 2019.

Talita Vieira.