Na Escola Monteiro, projetos são desenvolvidos em todas as séries e ganham ainda mais destaque nos primeiros anos do ensino fundamental, contribuindo na solidificação do conteúdo, na construção da cidadania e no desenvolvimento da empatia.
A cada trimestre, alunos do ensino fundamental 1 da Escola Monteiro leem, pelo menos, dois livros de literatura como parte do projeto de ensino da Língua Portuguesa.
As escolhas consideram o gênero literário em estudo e a faixa etária, mas também aspectos que contribuem para incentivar, desde cedo, o gosto pela leitura, para provocar reflexão sobre o mundo, para estimular a imaginação e o pensamento crítico e para auxiliar na formação da cidadania.
Um bom exemplo é a experiência vivida no último trimestre pelo 4º anos do ensino fundamental. A temática do racismo, que gera uma discussão tão importante quanto necessária, foi trabalhada a partir da literatura infantil por meio de obras da escritora Kiusan de Oliveira e do rapper Emicida.
“A leitura permitiu discutir diferenças de oportunidade, as dificuldades relacionadas a padrões estéticos preestabelecidos e o preconceito, ao mesmo tempo, em que trabalhamos questões relacionadas à Língua Portuguesa e incentivamos o hábito da leitura”, afirma a coordenadora da Monteiro, Juliana Poltronieri.
Ela conta que, dentro do projeto, os alunos puderam participar de um bate-papo com o professor de História da Monteiro, Patrique Santos, que abordou sua própria infância e o contexto histórico e social relacionado ao preconceito e ao racismo.
Para fechar o trabalho, um debate entre os próprios alunos sobre o que mais chamou atenção ao longo das leituras, atividades e conversas foi realizado. “Foi uma experiência de muito crescimento e aprendizado. Por meio do diálogo, do ouvir o outro – seja pessoalmente ou pela vivência literária, desenvolve-se um novo olhar, mais empático, humanizado e crítico”, considera.
Além disso, o incentivo à leitura também se dá de forma lúdica, afinal crianças vão aprender de forma mais fácil e efetiva quando há espaço para a brincadeira e quando o conhecimento é traduzido em iniciativa práticas.
Neste mesmo projeto, as turmas ganharam uma espécie de passaporte literário para “carimbar” a cada obra lida. “Iniciativas assim servem de motivação e incentivo. E transmite-se a mensagem de que ler é realmente viajar por outros universos. Alguns alunos leram cinco, seis, sete livros, com direito a carimbo no passaporte da leitura”, considera Juliana.
Encontros e reencontros
Outro projeto desenvolvido no trimestre teve o objetivo de proporcionar mais envolvimento, aprendizado e motivação ao estudar modos de vida.
“Trabalhar o tema é uma excelente oportunidade de compreender nossa própria história e nossas raízes, abrindo-se também a novos olhares e formas de viver e agir, que tornam a cultura tão rica”, afirma a coordenadora.
Nesse sentido, Juliana conta que os estudantes tiveram a oportunidade de visitar a Aldeia Indígena de Aracruz como um dos estudos do meio propostos, complementando e relacionando vivências práticas ao que é aprendido em sala de aula.
As turmas puderam conversar com o cacique, falar da preservação da cultura e das interrelações, além de fazer uma refeição com o grupo. No “cardápio”, pratos como peixe assado e outras comidas típicas.
Meio ambiente
Temas ambientais, sempre presentes nos conteúdos didáticos, também são terra fértil para o desenvolvimento de projetos.
Neste trimestre, caranguejos, tartarugas, jacarés e baleias jubarte, animais que fazem parte da fauna que mora ou passa pelo Espírito Santo em determinadas temporadas do ano, são foco de trabalho envolvendo várias disciplinas, incluindo Educação Física e Inglês.
As aulas de Educação Física, por exemplo, levam os alunos a trabalhar a consciência corporal a partir do movimento dos animais.
“Além disso, desenvolvemos uma reflexão sobre a influência do movimento humano no meio ambiente a partir do dia a dia da escola, com atividades práticas, como a limpeza de praia dos arredores e o cuidado com saguis que vivem no entorno. Os meninos compreenderam, por exemplo, a partir da palestra de um biólogo que apoia nossas atividades, que cuidar dos saguis também significa não alimentá-los com nossa comida para evitar doenças. Assim, passaram a agir como agentes de proteção ambiental dentro do próprio meio onde estão inseridos, entendendo que o que julgavam ser cuidado poderia matar os bichinhos e até contribuir para a extinção. Ou seja, por meio do conhecimento, mudam de comportamento em prol do ecossistema e da vida, disseminando o aprendizado na comunidade escolar”, explica Juliana.