Na Escola Monteiro, crianças que iniciam o ensino fundamental encontram ambiente favorável ao aprendizado e ao desenvolvimento emocional. Lá, é possível aprender sem abrir mão da infância.
A educação infantil termina e a criança se vê, de repente, em um universo de seriedade, onde existem mais provas e cobranças do que espaço para o lúdico. A pergunta que muitos pais se fazem ao viver esse momento é: “mas tem mesmo que ser assim?”. E a resposta dos especialistas é não. Não precisa e não deve ser assim.
Psicopedagoga e coordenadora dos 1º e 2º anos do ensino fundamental da Escola Monteiro, Tatiani Svacina, alerta que é fundamental não perder de vista que a criança que sai da educação infantil para o ensino fundamental segue sendo criança e assim será até a fase da adolescência.
“Parece óbvio, mas nem sempre é. Apesar dos avanços, ainda há condutas que tiram da criança o direito de ser criança. Cria-se ambientes de cobrança e seriedade em que o resultado se torna mais importante do que o processo. Gosto demais da citação de Emília Ferreiro que diz que ‘por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa’”, afirma.
Na Escola Monteiro, Tatiani Svacina explica que todo o trabalho é pensado para tornar a criança protagonista do processo de ensino-aprendizagem desde o momento em que ela pisa pela primeira vez na escola. “Significa olhar para a criança em suas especificidades, experiências e demandas. Ela está iniciando um novo e importante momento do seu processo educacional e, como todo indivíduo, inclusive adulto, em um momento novo, é normal sentir medo, ansiedade, euforia… É uma fase de adaptação e o acolhimento da escola e dos professores torna tudo mais leve e tranquilo, facilitando também a interrelação com os colegas”, ressalta.
Tatiani Svacina
Sair da educação infantil e entrar no ensino fundamental é um dos chamados ritos de passagem da vida escolar. Diretora pedagógica da Escola Monteiro, Penha Tótola, explica que os ritos, quando devidamente entendidos e bem conduzidos, são importantes aliados para uma adaptação tranquila à nova etapa, facilitando inclusive a aprendizagem.
Ela exemplifica: “as crianças de seis anos que começam a cursar o 1º ano do ensino fundamental da Monteiro vêm de unidades de educação infantil. Lá, em geral, elas podiam levar brinquedos para a escola, tomavam banho e jantavam antes de ir pra casa, por exemplo… Para tornar a mudança menos impactante, adotamos medidas simples, mas que fazem a diferença”.
As aulas para os alunos do 1º ano do ensino fundamental começam um dia antes do início das aulas das demais turmas. O objetivo é apresentá-los à equipe e ao ambiente escolar. No dia a dia, há um horário de recreio exclusivo para alunos do 1º e do 2º anos, não coincidindo com o período de recreio dos demais alunos do ensino fundamental 1 para que os mais novos tenham mais liberdade, espaço e autonomia para brincar. Eles também lancham na sala antes de sair para o recreio para evitar que “esqueçam de comer” em meio a brincadeiras. Como muitos jantavam na creche, há ainda um segundo momento para mais um lanchinho antes do final da aula, realizado junto com outras atividades lúdicas. Além disso, em um dia pré-definido da semana, podem levar um brinquedo para a escola.
Penha Totóla
Penha explica que as regras existem e, em geral, são cumpridas com comprometimento e maturidade pelos alunos. “Neste caso, faz muita diferença uma prática desenvolvida em sala de aula para criar os ‘combinados’. Eles participam da discussão e da construção de uma espécie de cartaz com normas de boa convivência, respeito e estudo. Nossa experiência mostra que, ao se sentir parte do processo, a criança tende a respeitar melhor o que foi estabelecido e ainda cobra do colega o cumprimento dos acordos em prol do coletivo”, conta.
A alfabetização e a aprendizagem de forma geral são mais efetivos quando a criança experimenta uma vivência de acolhimento e afetividade. “Trabalhamos com material didático de excelência, desenvolvemos projetos interrelacionando disciplinas, realizamos diagnósticos frequentes para avaliar eventuais lacunas de aprendizado e orientar metodologias de reforço, que se fizeram mais necessárias num contexto pós-pandemia. Mas tudo isso dentro de um trabalho também focado na formação do ser humano enquanto sujeito autônomo, criativo, protagonista, capaz de trabalhar em grupo e de lidar com as diferenças”, explica Tatiani Svacina.
Davi Saiter
Realização de mãe e filho
Érika Saiter é mãe de Davi, aluno do 1º ano do ensino fundamental da Monteiro. Ela conta que buscava uma escola para o filho Davi que preservasse o cuidado que ele experimentou na instituição de educação infantil de onde vinha. “Era uma creche pequena, acolhedora… E eu também estudei em escolas menores e sei o quanto é valioso não ser apenas mais um”, conta.
Além disso, Érika também queria uma escola que não ficasse presa apenas ao conteúdo. “Quando a gente se torna mãe, começa a estudar um pouco mais sobre os caminhos possíveis na educação. Eu queria uma escola também focada na formação da cidadania e de indivíduos preocupados com o outro”, ressalta.
Ao visitar a Escola Monteiro, encontrou o que procurava. “Minha experiência com a escola foi positiva desde o primeiro contato. A atenção em nos receber, com tempo, acolhimento e dedicação… As reuniões próximas e abertas à escuta ativa. Professores e equipe pedagógica sempre afetuosos e competentes… O dia a dia que confirma tudo o que é dito na prática… Tudo isso faz a diferença”, enumera.
Mas o que coroou realmente a escolha da mãe foi uma conversa com seu filho. “Davi me perguntou um dia quem definia em qual escola as crianças iriam estudar…Preocupada com o que viria, respondi que eram os pais, porque as crianças ainda não têm maturidade para decidir sozinhas. E ele me respondeu prontamente: então meus filhos vão estudar na Monteiro”, diz.
Para ela, a pergunta e resposta do menino demonstraram que tomou a decisão certa. “Davi é feliz na escola. O momento de ir para a escola é diariamente sinônimo de alegria e expectativa. E isso é muito significativo”, completa.
Segunda Casa
Nadmy Arrivabene Zavaris Gonçalves, mãe de Pedro, aluno do 2º ano do ensino fundamental, lembra como se fosse ontem do momento em que o filho encerrava a educação infantil e se preparava para iniciar o ensino fundamental. “Aquele garotinho de cinco anos, que tinha experimentado uma educação infantil que era puro amor e carinho, iniciaria o ensino fundamental. Era tempo de uma outra etapa, em um outro lugar, com outros coleguinhas e novas responsabilidades. Nunca foi nossa intenção cercá-lo em uma bolha e impedi-lo de viver o processo natural de contato com o novo, de enfrentamento às adversidades e de lidar com as frustrações que volta e meia surgem e são importantes no processo de desenvolvimento”, afirma.
Para a mãe, contudo, era primordial procurar um lugar afinado com os valores da família. “Buscávamos uma escola que acreditasse no acolhimento, no cuidado e na empatia como condições determinantes para o pleno desenvolvimento. As nossas escolhas de diversas ordens sempre foram pautadas assim e não poderia ser diferente com a escola. Nessa busca, conhecemos e escolhemos a Monteiro para caminhar conosco nessa nova jornada. E somos felizes por ter feito uma escolha acertada. É tranquilizador perceber que Pedro se desenvolve a olhos vistos e demonstra muita alegria em estar e em fazer parte dessa escola que se tornou a sua segunda casa”, ressalta.
Uma escola onde as crianças querem “morar”
Cláudia Lima, mãe de Maria Eduarda, aluna do 1º ano da Monteiro, lembra que, no momento de decidir a trajetória da filha no ensino fundamental, optou por escolher uma escola que lhe parecia, ao mesmo tempo, uma formação conectada com os valores de sua família e o acolhimento e cuidado que sua filha e todas as demais crianças merecem receber como indivíduos.
“Essa preocupação me fez não optar pela instituição que a maior parte das famílias de crianças colegas da Maria decidiram. Escolhemos a Monteiro, mesmo sabendo que ela seria a única da antiga escola a estudar lá. É claro que isso nos causava uma certa insegurança. Como ela se sentiria? Como seria recebida? No final do primeiro dia de aula, veio o alívio e a resposta para nossas perguntas. Ao encontrar a Maria na escola, ela nos abraçou e disse que queria ficar o dia todo na Monteiro. Era o que precisávamos para saber que estávamos no caminho certo. No final da primeira semana, ela já estava totalmente integrada e não havia nenhuma dúvida mais”, conta.
Para ela, ao final do ano letivo, é nítido o desenvolvimento emocional da filha, além dos seus resultados escolares. “Minha filha é uma criança sensível e muito claro para nós o quanto essa parceria entre a família e escola contribuiu nessa evolução. Recebemos cuidado e atenção que são fundamentais nesse percurso. Isso vale para os pais, a família e vale também para as crianças. Elas têm voz, são ouvidas em assembleias rotineiras e no dia a dia. A equipe pedagógica está sempre aberta para ouvir e acolher todas as questões que os meninos trazem. Eles, de fato, têm seus direitos respeitados”, afirma.
Segundo Claudia, Maria também deixa claro o quanto está satisfeita no dia a dia e, com o final do ano, fez questão de deixar combinado: “mamãe, eu não vou mudar de escola ano que vem não, né”?. Está dito.