Sala de aula da Escola Monteiro, em Vitória. Foto: Talita Vieira

Senso crítico, respeito à diferença, incentivo à criatividade e ao pensar por si mesmo, sendo protagonista na construção da própria história.

Há mais de 50 anos, Vitória ganhava uma “escolinha de artes” que já começava a ser construída sobre esses pilares, por meio da valorização da cultura e das inúmeras possibilidades da arte.

Depois de tantos anos, o projeto cresceu e apareceu, tornando-se a Escola Monteiro, uma instituição de referência no Estado, que oferece turmas de ensino fundamental e médio, mas mantém, na essência, os valores do momento de sua fundação, uma iniciativa da psicóloga Ana Rita Costa Gomes.

Penha Totóla, diretora pedagógica da Escola Monteiro. Foto: Fábio Vicentini

A atual diretora pedagógica da escola, Penha Tótola, – que acompanha essa trajetória de perto há 33 anos como parte da equipe -, afirma que esse “DNA” inclui um processo educacional humanizado, que estimula a reflexão e o senso crítico, além de valorizar o protagonismo de aluno e professor e de incentivar a inovação e a criatividade.

“Na Monteiro, o aluno e suas famílias têm voz. Essa é uma característica latente no dia a dia da escola. Os alunos são chamados pelo nome. As portas da coordenação e da direção estão sempre abertas para ouvi-los. Realizamos também assembleias com todas as turmas da escola – do 1º ano do ensino fundamental ao 3º do ensino médio – para abrir espaço para ouvir críticas, sugestões, pontos positivos e para discutir temas importantes para boa convivência escolar e social, como empatia, respeito à diversidade, inclusão, responsabilidade social, sustentabilidade”, explica. 

Aluna do 3º ano do ensino médio da Monteiro, Laura Locatel confirma a fala de Penha. Ela diz que não teve a oportunidade de fazer o ensino fundamental na escola, mas que, ao escolher cursar o ensino médio na instituição, ficou nítido o diferencial. “Na Monteiro, podemos falar. Há um respeito às diversas vozes. Há espaço para discussão, para a troca, para o pensamento crítico”, afirma.

Laura diz que experimentou, na prática, essa “escuta ativa” quando decidiu levar até a escola uma “angústia pessoal”. 

“Participei de um projeto social e testemunhei a alegria de uma mulher ao ver que havia absorventes higiênicos entre as doações. A reação me intrigou e comecei a pesquisar sobre o assunto. Descobri a questão da pobreza menstrual e propus uma campanha tanto para arrecadar artigos de higiene quanto para lançar luz sobre esse tema, que é tão importante, junto à comunidade escolar. Minha ideia foi aceita e apoiada. O professor Lucio Manga, por exemplo, chegou a compartilhar a campanha nas suas redes. Tivemos um ótimo resultado, mesmo restritos ao público da escola por conta da pandemia”, conta.

Outro momento que deixa clara a abertura da escola à diversidade e à reflexão é a Feira Integrada, evento realizado no final de cada ano letivo e que esse ano acontecerá no formato virtual. 

Manter aulas de Filosofia no currículo do ensino fundamental 2 – o que não é uma obrigatoriedade – é outra demonstração do quanto o “pensar por si mesmo” é estimulado. 

“Ao estudar Filosofia, além de uma série de conhecimentos sobre as formas de pensar o homem, a vida e o saber, o aluno entra em contato com as diferenças de visão. Também começa a ter um olhar mais atento sobre o mundo e, ao mesmo tempo, percebe o quanto é importante respeitar a diversidade e desenvolver o pensamento crítico sobre o que está à sua volta. Nem todo mundo pensa igual e as discussões pacíficas, a troca de ideias, o ouvir o outro e a reflexão são importantes ensinamentos que também se materializam nessas aulas”, afirma Penha.

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