Publicado em 18/06/2019

Constituinte básico dos seres humanos, o movimento – em seus formatos amplo e restrito, externo e interno – é uma capacidade inerente ao ser humano e viabiliza a execução de inúmeras atividades e exercícios físicos, em suas diversas modalidades e tipos. O movimento também é uma linguagem que confere aos humanos mais um meio de expressão.

Os exercícios físicos impelem, em quem os executa, a necessidade e o desejo de romper limites próprios e ultrapassar barreiras pessoais, sejam elas corporais ou psicológicas. Sua realização contribui para o despertamento da consciência corporal e do alinhamento entre corpo e mente: à medida que subordina a capacidade motora aos objetivos mentalmente traçados e condicionados pelos exercícios, a concentração é altamente estimulada. Isso favorece o autodomínio, auxiliando não apenas nas respostas físicas, mas na maneira de lidar com diferentes situações da vida, sejam frustrações ou conquistas. Essa expansão da inteligência emocional, por sua vez, influencia na ampliação da responsabilidade social. Os fisicamente ativos têm, na prática dos exercícios físicos, uma outra oportunidade para se tornarem pessoas mais centradas, disciplinadas e capazes de aprender a respeitar normas individuais – em relação às próprias limitações, corporais e subjetivas – e coletivas, refletindo positivamente na prática esportiva e convívio em grupo.

Exercícios físicos não apenas proporcionam melhorias para o sistema cardiorrespiratório, fortalecimento do tônus muscular e combate à obesidade. De acordo com o professor de Educação Física Alex Fabiano, eles são muito importantes desde a primeira infância até a terceira idade, e, tanto abrangem como também se refletem positivamente no “Convívio social, na aceitação do outro, nos jogos cooperativos”. Alex acredita que a escola, como instituição, tem um papel fundamental na implementação da prática para as crianças, adolescentes e jovens. Os estímulos e experiências aplicadas nas aulas de Educação Física demonstram a preocupação que a Monteiro tem em trabalhar a humanização pelo exercício físico, propiciando um espaço tão significativo de convivência e interação entre os alunos em seu cotidiano.

Já para a professora Janine Cavadas, a atividade física não deve ser encarada apenas como um treinamento físico, mas como um conteúdo pedagógico. Ela acredita que o papel da escola está em “Priorizar a diversificação das práticas corporais estabelecidas na cultura em que está inserida, pois a humanização é promovida quando o exercício é coerente e está contextualizado com a cultura local, valorizando os movimentos corporais da sociedade”. Assim, de acordo com a professora, ao valorizar a cultura, sempre de forma crítica e reflexiva, ocorre uma elevação da autoestima das pessoas, tornando-as protagonistas de suas histórias.

Além disso, Janine pensa que interdisciplinar a Educação Física a outras disciplinas confere ao aprendizado do aluno um sentido mais amplo, mas, infelizmente, tais aulas são encaradas, por muitos, apenas como um momento para gastar energia, refletindo a dicotomia entre corpo e mente que ainda existe na sociedade e, consequentemente, em muitas escolas.

Alex considera a interdisciplinaridade entre a Educação Física e outras disciplinas algo indispensável, pois fornece a possibilidade de trabalhar a aprendizagem de várias formas no âmbito escolar. Segundo ele, a Monteiro já vem desenvolvendo alguns projetos entre a Educação Física e a disciplina de Física, bem como Artes e Matemática: “Um projeto interdisciplinar, por exemplo, é a construção do carrinho de rolimã para trabalharmos as variáveis de Física junto com o professor da matéria em sala de aula; estamos desenvolvendo esse projeto e pretendendo realizar ainda este ano. É necessário que tenhamos esse espaço de planejamento juntos. É muito bom pensar no envolvimento da Educação Física com outras disciplinas, trazê-las das salas de aula para a quadra. É um contexto de grande enriquecimento para o aluno”.

No cotidiano escolar as crianças e adolescentes usufruem da oportunidade de se adaptar à prática esportiva regular e, com isso, tendem a incorporar os exercícios físicos em seu estilo de vida a longo prazo. Atualmente, a Monteiro oferta cinco disciplinas extracurriculares esportivas: Futsal, Capoeira, Dança, Judô e Tae Kwon Do. Já na grade curricular, a Escola oferece aulas de Educação Física e, ainda, de Ioga, com a professora Bianca Campinhos, que também é mãe de aluna. Esta última atividade é ofertada desde o Fundamental I ao Ensino Médio, incentivando a meditação. Segundo Bianca (no vídeo divulgado no Instagram da Monteiro), a prática meditativa influencia na organização mental, na calma, produz maior equilíbrio emocional e positividade para lidar com aspectos gerais da vida.

Exercício físico – saúde mental e emocional

De forma progressiva vem sendo noticiado pela mídia, por meio de inúmeros veículos, o aumento constante da depressão e ansiedade, inclusive entre jovens. De acordo com publicações divulgadas nos últimos dois anos pela Revista Saúde e pelo Jornal Estadão, respectivamente, o Brasil é o país com maior índice de depressão da América Latina, enquanto é colocado como o quinto país do mundo com maiores taxas de depressão e o que lidera o ranking mundial de transtornos de ansiedade. Segundo dados da OMS divulgados pela Super Interessante, em 2011, a depressão afeta em torno de 10% dos adolescentes brasileiros, ao passo que atingem 20% deles na população mundial.

Felizmente, também vem sendo difundida a comprovação científica da importância dos exercícios físicos como combate a essas e outras doenças de cunho psicológico, emocional e mental. Quando praticados regularmente, tais exercícios caracterizam um estilo de vida sustentável e benéfico em vários aspectos, pois, além de prevenir doenças crônicas como as cardíacas, osteoporose e diabetes, eles agem no cérebro melhorando respostas neurológicas e favorecendo à cognição. Este tipo de atividade – em suas diversas modalidades, incluindo tarefas simples do cotidiano – estimula a produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina. Estes, por sua vez, são responsáveis pelas sensações de bem-estar, bom-humor e motivação; melhoram o sono, a memória e são fortes aliados na prevenção e no tratamento da depressão, ansiedade e outras patologias.

Talita Vieira.