Publicado em 04/12/2019

Foto: Talita Vieira/ Divulgação

Este ano, os alunos do 9º A desenvolveram a peça “Isso não é só mais um clichê”. A produção autoral foi apresentada pelos alunos no dia 25 de novembro, às vinte horas, no Teatro Campaneli, e faz parte da disciplina de Arte – Teatro, que é ofertada ao Fundamental II desde o 6º ano.

“Isso não é só mais um clichê” faz referência aos filmes hollywoodianos adolescentes que retratam os estereótipos de estudantes estadunidenses na faixa de 16 a 18 anos: o “nerd”, as patricinhas, as líderes de torcida, o time de basquete, entre outras tribos socioculturais. A história mostra um garoto comum que começa a enxergar a vida de maneira diferente, influenciando o restante dos personagens e surpreendendo os espectadores.

Efeitos de sonoplastia também foram feitos pelos alunos. Foto: Talita Vieira/ Divulgação

A professora da disciplina, Nieve Matos, explica que Arte – Teatro é ofertada semestralmente para o Fundamental II. Enquanto na primeira metade do ano algumas turmas têm aulas de Artes Visuais, as outras têm aulas de Teatro. Ao término das férias de julho, a oferta das disciplinas é trocada. Assim, os alunos do Fundamental II apresentam peças teatrais como trabalho final da disciplina no encerramento de todo ano letivo. À medida que vão crescendo, os alunos de cada turma ganham mais autonomia no desenvolvimento das obras (chegando ao 8º ano, por exemplo, eles fazem a adaptação de um clássico para apresentarem às famílias e amigos).

Quando chegam ao 9º ano, se dividem em grupos e escrevem os projetos das peças que desejam apresentar. As sugestões são expostas aos colegas que, por sua vez, votam na opção que mais lhes agrada. O projeto mais votado, então, é executado: os estudantes se organizam em equipes para escrever a dramaturgia, elaborar o cenário, providenciar os figurinos e até fazer os efeitos de sonoplastia.

A aluna Gabriela Saliba foi a responsável por escrever a maior parte do roteiro e os alunos Augusto Giestas, Vitor Kalil, Isadora Amorim e Caroline Costa elaboraram o projeto da peça apresentada em novembro. Augusto e Caroline contam que o gosto por filmes com temáticas adolescentes foi o que levou o grupo a escolher o tema dos clichês para pensarem o roteiro. Além disso, Caroline relata que os alunos procuraram estabelecer uma aproximação entre os elementos do clichê adolescente e o que vivem no dia a dia: “A gente quis incorporar elementos que aparecem no nosso cotidiano, como o jogo da garrafa que jogamos nas festas. Em meio aos clichês apresentados, procuramos fazer uma crítica sociocultural para mostrar que as pessoas vão além dos estereótipos e não precisam se enquadrar nesses rótulos”.

Ensaio da peça “Isso não é só mais um clichê”. Foto: Talita Vieira/ Divulgação

O elemento surpresa foi uma técnica teatral que serviu de base para a elaboração da história em torno dos clichês. Ela consiste na quebra da quarta parede, um conceito que traduz a separação entre a ficção encenada pelos atores e os espectadores. A quebra desta parede simbólica permite a interação entre os personagens e o público e foi pensada pelo grupo, junto à temática dos clichês, a fim de transmitir reflexões e desabafos a respeito de expectativas, cobranças sociais, rótulos e preconceito às famílias e amigos que estavam na plateia. As falas finais dos personagens ilustram as conclusões obtidas pelos alunos acerca de questões que perpassam suas vidas pessoais durante a fase de transição e de construção da identidade, que é a adolescência.

Caroline diz que, além do trabalho de desenvolver a peça do zero, um dos maiores desafios enfrentados pela turma foi o de se empenharem juntos para tudo dar certo e sair como planejado, evitando distrações e permanecendo centrados. A aluna acrescenta: “Um aspecto muito legal dessa peça foi que, pelo fato de ela retratar o que a gente vive e vê muito nos filmes, não sentimos a necessidade de marcar as cenas e seguir ‘tudo certinho’, por exemplo. Fomos improvisando e o ensaio foi se ajustando ao enredo”.

Sobre a experiência de interpretar Gabriel, o protagonista, Augusto Giestas relata: “Foi muito legal! Envolveu um pouco mais de responsabilidade, pois me propus a decorar melhor as falas”. Em relação às reflexões provocadas com a produção da peça, o aluno conta que, pelo fato de seu personagem representar alguém “neutro” e fora de padrões sociais específicos, ele tentou enxergar em qual estereótipo se encaixava na vida real. Para Augusto, um dos maiores desafios enfrentados quanto à interpretação teatral foi o de lidar com as próprias emoções.

Gabriel, personagem de Augusto Giestas, falando com o público. Foto: Talita Vieira/ Divulgação

O aluno, ainda, reconhece a importância da disciplina no ambiente escolar: “O teatro é arte, e a arte é muito importante para a vida das pessoas. Precisamos dela. Alguns a veem como uma disciplina desnecessária, mas ela é totalmente necessária para o desenvolvimento da humanização, pois trabalha a empatia, a interação social e as relações interpessoais”. Ele conta que as peças elaboradas sempre têm que expressar algum sentido e transmitir conteúdo ao público, e que, além disso, os colegas gostam de temas que geram reflexões profundas.

Para Augusto, a implementação da disciplina de Arte – Teatro é um diferencial da Escola: “Essa vontade de ter a arte presente no cotidiano escolar é algo característico da Monteiro e que nos faz sair do lugar-comum e mudar de perspectiva. Por isso eu acho a Monteiro tão diferente das outras escolas e gosto tanto daqui”, expressa o aluno.

Talita Vieira.