Publicado em 01/07/2020

 

No período de distanciamento social, as aulas do Projeto de Vida continuam ocorrendo às quartas-feiras, remotamente. A partir das 10h, os alunos da 2ª série do Ensino Médio são orientados pela professora Patrizia Lovatti e, às 14h, Lúcio Manga ministra aulas para a 1ª série.

No momento, as turmas do Projeto de Vida estão na fase teórica da disciplina, devido ao novo coronavírus. “As atividades desenvolvidas pelos grupos vêm sendo apresentadas de maneira remota para toda a turma. Durante este período, o primeiro capítulo do projeto de pesquisa foi escrito. Os grupos escreveram sobre a história do ‘objeto pesquisado’ no Brasil e no mundo. Os projetos já estão bem engatilhados para a parte prática, ou seja, os alunos já sabem exatamente o que farão no retorno às aulas presenciais”, explica Patrizia.

Grupo da 2ª série do Médio sendo orientado por Alex Rios. Foto: Patrizia Lovatti/ Divulgação

A professora informa que as atividades práticas definidas são: “Montagem de uma exposição de arte com o tema ‘Direitos Humanos’ dentro da Escola (Artes/Direito); protótipo de uma bicicleta elétrica (Engenharias); transformação de uma cadeira de madeira antiga em uma outra (Arquitetura e Urbanismo); criação de uma empresa e divulgação da mesma (Administração/Marketing); vídeo informativo sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (Medicina); criação de um projeto para a Educação Especial da Monteiro (Psicologia/Serviço Social)”.

Ana Carolina Xavier, aluna da 2ª série do Ensino Médio, conta que optou por participar de um grupo de Engenharia, no Projeto de Vida, mas afirma considerar o curso Arquitetura e Urbanismo para seguir carreira. De acordo com ela: “Dentro do projeto, estamos desenvolvendo uma bicicleta elétrica que também utilizará a energia mecânica que é gerada pelos pedais. Fico muito feliz em participar do projeto, pois estou tendo uma visão da parte mecânica que nunca tive. O interessante é que temos que estudar além do que estávamos acostumados em Física, por exemplo. No projeto, também pensamos em questões como a mobilidade urbana, o meio ambiente e o conforto”.

Já o aluno Lucas Pelles, também da 2ª série, relata: “A área que escolhi foi a da Medicina. Iremos abordar o aumento de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis e temos como objetivo chamar a atenção da população para esse problema, expondo quais são as infecções e seus sintomas, apresentando as formas de prevenção, além de indicar especialistas que possam realizar o diagnóstico e tratamento. O que influenciou minha escolha foi a ligação que eu tenho com a área da saúde. Desde pequeno, sempre gostei muito”.

Ex-aluna e estudante de Medicina, Beatriz Afonso conversando com a 2ª série sobre ISTs. Imagem: Patrizia Lovatti/ Reprodução

Durante o período de distanciamento social, as visitas técnicas foram suspensas e os diálogos com os profissionais vêm sendo estabelecidos pela ferramenta Google Meet. Sobre a mudança nas atividades, Lucas pondera: “Acredito que não há dificuldade para a comunicação entre o grupo. Porém, considerando o cenário da pandemia de Covid-19, há uma certa dificuldade quanto à disponibilidade dos profissionais da área da saúde para conversarem conosco, justamente por muitos médicos estarem ocupados.” Ana Carolina afirma: “Estamos tendo todo apoio e direcionamento necessários”.

Segundo Patrizia, as aulas vêm seguindo o planejamento, abordando “metodologia de pesquisa” e “metodologia de projetos”: “Inicialmente, a ideia foi dar algumas aulas teóricas já previstas, como se não existisse isolamento. Um momento muito bacana foi a aula que fizemos com a participação de especialistas de cada área. Cada grupo entrou em um link diferente de videochamada, com um especialista, enquanto eu monitorava as conversas. Alguns deles foram: Maria Alice Rampinelli, arquiteta, Beatriz Afonso, ex-aluna da Monteiro e estudante de Medicina da Ufes, e Eduardo Gomes, nosso diretor”.

Alex Rios, professor de Física que orienta o projeto da bicicleta elétrica, observa muitos aspectos positivos no desenvolvimento dos alunos durante a disciplina: “Os alunos sempre me deixam com uma grata surpresa e cheio de orgulho. É fascinante vê-los trabalhar e discutir as melhores soluções diante das dificuldades. Além de adquirirem confiança em si mesmos, como protagonistas de seus aprendizados, demonstram competência para escolher as melhores estratégias de trabalho e adquirem habilidades (ou descobrem habilidades que, até então, não imaginavam que possuíam)”.

Projeto de Vida – Por que é importante?

Em um período em que escolhas devem ser feitas, os alunos do Ensino Médio possuem, com a nova disciplina, a oportunidade de aprender sobre as profissões, mas, além disso, aprender sobre si mesmos. “Um ‘projeto de vida’ representa o que queremos ser e fazer em parte das nossas vidas. Também pode nos mostrar as possibilidades de como alcançar isso”, explica Patrizia.

Prevista pela BNCC, a implementação do Projeto de Vida é uma medida educacional importante. Sob o viés da Monteiro, a configuração da disciplina se mostra ainda mais significativa para a formação dos alunos como indivíduos. A professora afirma que “Uma escola que oferece essa oportunidade para seus alunos está consciente de seu papel para com a sociedade, pois sabe que não deve seguir apenas um planejamento tradicional. É importante dar ao aluno a oportunidade de conhecer suas habilidades e valores, de avaliar o que sempre quis ser ou fazer e dar condições para que visualize novos cenários para o futuro”.

Participação da arquiteta Maria Alice Rampinelli na aula remota para os alunos da 2ª série do Médio. Imagem: Patrizia Lovatti/ Reprodução

Refletindo sobre o valor do Projeto de Vida para a vida dos estudantes, Patrizia esclarece: “A disciplina deve tirar o aluno da zona de conforto em relação às suas escolhas profissionais, ou seja, fazer com que ele se questione. É importante que o aluno entenda que, para fazer uma escolha profissional, é necessário considerar vários pontos, como: as habilidades que precisa ter e desenvolver para determinadas profissões, o estilo de vida que quer levar, a remuneração, a paixão de se fazer algo que gosta e que todo trabalho envolve uma dose de frustração”.

Diante dessas variáveis, o papel da Escola se revela em “Mostrar ao aluno que ele precisa assumir a sua vida, sendo responsável pelas suas escolhas. Mostrá-lo que precisa ser curioso, que deve explorar os seus desejos e, principalmente, que não existe fórmula perfeita para se fazer uma escolha profissional”, acrescenta.

Na concepção do professor Alex, a implementação do Projeto de Vida no Ensino Médio visa “Trazer cada vez mais a visão do mundo real para nossos estudantes, ou seja, a ciência como ela realmente é: fascinante, dinâmica, empolgante, crítica e humanizada. Apenas assim somos capazes de refinar nossas tomadas de decisões e vislumbrar as inúmeras possibilidades que a vida nos oferece”.

Para ele, a disciplina “É uma quebra de paradigmas, pois prepara os estudantes para serem os verdadeiros protagonistas do seu processo de aprendizagem. A disciplina não auxilia apenas na apropriação de um determinado conteúdo, mas prioriza a ação, o ‘saber fazer’ em relação ao conteúdo no cotidiano”.

Bate-papo com Sônia Lopes sobre um projeto para a Educação Especial da Monteiro. Imagem: Patrizia Lovatti/ Reprodução

O aluno Lucas ressalta a importância da disciplina: “Vejo o Projeto de Vida como uma disciplina essencial, principalmente por causa das inseguranças e ansiedades que surgem com a proximidade da escolha da profissão, que precisamos fazer, e que é algo muito complexo de lidar, no Ensino Médio. A disciplina realmente me ajudou a fechar o leque de opções de cursos. Mesmo tendo uma ligação com a área da saúde, me deparei dividido entre Medicina e Engenharia, justamente por ser apaixonado pela Física. Tenho certeza que a disciplina me auxiliará para além da área profissional, uma vez que ela nos torna mais confiantes e estimula o trabalho em equipe”.

Sobre o Projeto de Vida, Ana Carolina declara: “Acredito que esse tipo de disciplina tem uma importância ímpar em nosso desenvolvimento acadêmico. Isso é perceptível, por exemplo, quando utilizamos os diferentes métodos de pesquisa, como o hipotético-dedutivo. Já nos familiarizamos com o formato de estudo, algo que só seria visto ao final da faculdade, com o Trabalho de Conclusão de Curso. Outro aspecto importante da disciplina é a linha de raciocínio que nos é apresentada – problematização, justificativa e proposta de solução. Ela pode ser utilizada na construção de argumentos mais críticos e coesos”.

Lucas acredita que o ensino promovido pela Monteiro auxilia muito no preparo de profissionais e cidadãos diante da sociedade e do mercado atual: “O ensino ofertado pela Escola nos torna cidadãos mais críticos e mais humanos.” Ana Carolina concorda. Em suas palavras: “É uma educação que se importa com mais do que a aprovação do aluno no vestibular, pois preza pela formação do indivíduo. Na Monteiro, também vejo uma grande valorização do contato entre aluno e professor, o que auxilia muito no processo de aprendizagem. O pensamento crítico que a Escola estimula nos alunos é uma qualidade muito necessária, tanto para o mercado de trabalho quanto para a vida”.

Clique aqui para entender o que é o Projeto de Vida e como ele funciona na Monteiro.

Talita Vieira.