A experiência educativa da Escola Monteiro demonstra que a capital oferece uma série de possibilidades para conectar teoria e prática e fortalecer a aprendizagem. A história do Espírito Santo passa pelo centro de Vitória e alguns de seus principais capítulos podem ser contados com participação especial de monumentos como o Palácio Anchieta, a Escadaria Maria Ortiz, o Teatro Carlos Gomes e o Viaduto Caramuru, localizados na capital que, essa semana, completa 471 anos de vida.

Agora, imagine que seu filho está estudando esse tema dentro da grade curricular da série que cursa e responda: seria mais interessante restringir o aprendizado ao conteúdo dos livros e apostilas ou mesmo às informações disponíveis na web ou associar este material a visitas guiadas no bairro de Vitória onde tudo começou? Não dá pra ter dúvida sobre a resposta, não é mesmo?

Diretora pedagógica da Escola Monteiro – que há mais de 50 anos se dedica a formar crianças e adolescentes em Vitória -, Penha Tótola explica que, desde a sua fundação, a instituição tem como pilar a construção do conhecimento a partir da relação entre teoria e prática, sempre com o objetivo de tornar o processo de aprendizagem mais efetivo, prazeroso e rico.

Ela afirma que um dos projetos desenvolvidos nesse sentido é o “estudo do meio”, que permite experiências educativas para além dos muros da escola, transformando a aniversariante da semana – a cidade de Vitória – em sala de aula para crianças e jovens ávidos por conhecer, explorar e descobrir.

“Uma cidade é um organismo vivo e Vitória, do alto dos seus 471 anos, tem muito a contar sobre meio ambiente, história, cultura, modos de vida, entre diversos outros temas…É isso que buscamos ao realizar os estudos do meio na cidade: tornar o aluno protagonista de sua aprendizagem, estimular a curiosidade, permitir interrelações entre os conteúdos de diferentes áreas, contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico e da cidadania, e humanizar a formação”, considera Penha.

A diretora conta que o entorno da escola, localizada na Enseada do Suá, já se tornou praticamente uma extensão do espaço formal da instituição. Clique no link e conheça mais sobre a Escola Monteiro.

“Esse ir ao encontro da cidade é uma prática de longa data que teve grande importância neste período de pandemia, quando iniciamos o retorno ao presencial. De um lado, havia a demanda sanitária por priorizar espaços abertos e ventilados. De outro, percebemos o desejo ainda maior dos nossos alunos de sair dos ambientes fechados depois de um período de ensino remoto e isolamento social. Assim, realizamos muitas aulas de Educação Física e Ioga, além de atividades de biblioteca com contação de história, leitura de livros e gibis, em espaços públicos como a prainha que é vizinha à instituição, os decks e jardins da orla e da Praça do Papa, com direito à vista de “cartão-postal” que inclui a Terceira Ponte e o Convento da Penha e permite o desenvolvimento de conteúdos relacionados à colonização do Espírito Santo, iniciada exatamente “do outro lado”, na Prainha, em Vila Velha.

Além desses pontos, a vizinhança da escola também “esconde” outra “sala de aula” que encanta estudantes de todas as idades: uma das sedes do Projeto Tamar, organização que atua na preservação das tartarugas marinhas.

“Acompanhados por professores, os meninos vão ao Tamar a pé, experimentando outras vivências importantes como o exercício da autonomia, da independência e da responsabilidade, nem sempre possível de se praticar nas grandes cidades de nossos dias ao longo da infância”, considera.

Nos estudos de meio realizados com apoio de meios de transporte, as salas de aula se ampliam ainda mais e atingem muitos bairros: o centro de Vitória, a região de Goiabeiras com a tradição e a riqueza cultural das paneleiras e suas panelas de barro; a natureza que compõe a trilha do Morro da Fonte Grande; as pontes que fazem parte da vida, da história e do crescimento da capital; além de muitos parques, museus, indústrias; entre outros.

A experiência de visita ao bairro Goiabeiras, realizada este ano no final do primeiro semestre, por exemplo, oferece várias oportunidades de aprendizado, incluindo o bioma manguezal, suas características, espécies e as ameaças sofridas, além de toda a riqueza cultural, histórica e humana que a interação com as paneleiras e sua tradição possibilita;

“Fundamental é que, pelo estudo do meio, a criança e o adolescente assimilam o conteúdo de forma mais leve e, ao mesmo tempo, efetiva, conseguindo inclusive melhores resultados. É uma proposta que visa gerar conhecimento, não apenas transmitir informações que se perdem e não se conectam”, ressalta Penha

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